Por Cézar Katsumi
Talvez ainda seja cedo apostar no fim do jornal impresso, como sugeriu o artigo “Who Killed the Newspaper” do periódico inglês The Economist em 24 de agosto de 2006. Pelo menos por enquanto aqui no Brasil essa profecia não parece estar perto de se tornar realidade. Embora a circulação média dos jornais no mundo venha sofrendo uma sensível queda nos últimos anos, os números do Instituto Verificador de Circulação (IVC) divulgados pela Associação Nacional dos Jornais (ANJ) revelam que, desde 2004, os principais jornais brasileiros têm apresentado um aumento de circulação ainda que discreto. Em 2004, 2005 e 2006, a circulação média dos jornais cresceu, respectivamente, 0,8%, 4,1% e 6,5%, passando de 6,52 milhões para 7,23 milhões de exemplares vendidos diariamente.
Segundo a ANJ, essa recuperação teve como motivo o bom desempenho da economia brasileira. O Brasil é um exemplo clássico da relação do quadro econômico com a venda dos jornais. Nos anos que antecederam a recuperação da indústria jornalística, o PIB nacional crescia a taxas reduzidas. Somente a partir de 2004, com o reaquecimento da economia, os brasileiros passaram a comprar novamente os jornais impressos. Isso mostra que o mercado ainda existe mesmo com a concorrência da internet como fonte de informação.
Ao contrário dos que pensam que a mídia impressa deixou de ser atrativa para os anunciantes, o investimento publicitário no meio jornal vem subindo ano a ano no Brasil. De 2002 para 2006, o total dos investimentos saltou de R$ 1,91 milhão para R$ 2,69 milhões, registrando um aumento de 40%. Embora o investimento tenha subido em números absolutos, o jornal impresso, desde 2000, vem perdendo sua parcela de participação dos investimentos quando comparado aos outros meios. Um estudo do Projeto Inter-Meios divulgado pela ANJ constata que os investimentos publicitários vêm migrando principalmente para a TV por assinatura e para a internet.
Contudo, o jornal impresso está longe de perder espaço para a internet. Em três anos, esta só conseguiu avançar 0,5% na participação dos investimentos em mídia, ocupando modestos 2% em 2006. Nesse mesmo ano, o jornal impresso detinha 14,7% do total. Um meio impresso que apresentou um aumento significativo em 2006 como destino dos investimentos em mídia foi a revista. Ela sozinha abocanhou 1,7% a mais do total em relação a 2005, encerrando o ano de 2006 com uma participação de 10,5% da receita publicitária das mídias.
Diferentemente do que ocorre no Brasil, o mercado dos jornais impressos nos EUA vem perdendo cada vez mais em circulação e receita. Segundo o artigo “Out of Print”, publicado pela revista The New Yorker no dia 31 de março de 2008, a New York Times Company, uma das maiores empresas de comunicação dos EUA, que publica o jornal The New York Times e o International Herald Tribune, entre outros títulos, sofreu uma queda de 54% na bolsa de valores desde 2004.
Embora o mercado dos jornais impressos seja desanimador na maior parte do mundo, é precipitado afirmar que seu fim esteja próximo. Quando surgiu o rádio, não foram poucos os que acreditaram que o jornal estava com os dias contados. Da mesma forma, com o surgimento da televisão, houve quem dissesse que o jornal e o rádio sairiam de cena. Erraram. Logicamente, os meios tiveram de adaptar-se à nova realidade, assim como o jornal impresso o vem fazendo desde o advento da internet. Já se percebe, por exemplo, uma tendência de textos mais curtos no jornal online e de reportagens mais longas e aprofundadas no jornal impresso.
Seja pela tradição, seja pela credibilidade. O fato é que os principais jornais impressos continuam influenciando o cenário político e social do país e provavelmente o farão ainda por muito tempo. A sua sobrevivência no mercado está condicionada à capacidade de promover mudanças na sociedade. Afinal, eis o seu verdadeiro papel.
Um comentário:
Obrigado por intiresnuyu iformatsiyu
Postar um comentário