domingo, 18 de janeiro de 2009

Cosplay: A arte da admiração

Por Akio Uemura
Fotos: Liz Micheleto/Cosplay Brasil


"Fazer cosplay é uma forma de expressar seu gosto por determinado personagem de animê ou mangá. Mas há muito além disso, através dele as pessoas interagem no meio, fazem amigos e se integram a comunidade de fãs", declaração dada por Fernando Carreno Siqueira, dono do site Cosplay Brasil.

Cosplay é a combinação de duas palavras do inglês, "costume" e "play", que dá nome a uma prática cada vez mais difundida no país. O cosplayer veste-se e age como um personagem de algum livro, quadrinho, mangá, desenho animado, animê, filme, seriado ou game. Essa prática surgiu nos Estados Unidos em meados dos anos 70, onde os fãs de séries de ficção científica, como "Star Trek" e "Star Wars", começaram a fantasiar-se como os personagens da série seguindo a linha "do-it-yourself", "faça você mesmo".

No início dos anos 80, o cosplay migrou dos Estados Unidos para o Japão, conquistando os admiradores de "SciFi" e principalmente os adoradores dos seriados no estilo "Super Sentai" (o mais conhecido no ocidente é o “Power Ranger”). Após um tempo esse comportamento espalhou-se para fãs de outros segmentos, como animê e mangá, tornando-se comum no cotidiano dos japoneses.

A grande massa de cosplayers brasileiros começou a se formar no início dos anos 90, com a chegada dos primeiros desenhos japoneses, animês, de grande repercussão. Afinal o primeiro passo para ingressar nessa arte é gostar dos personagens e entender o contexto em que vivem.
Liz Micheleto é bancária, mas em suas horas vagas faz o que mais gosta, fotografar. Ela é uma das principais fotógrafas de cosplay de São Paulo, cobrindo eventos para o site Cosplay Brasil, maior sobre o assunto no país, e fazendo books dos cosplayers. "Comecei gostando dos clássicos, como 'Cavaleiros do Zodíaco', 'Sailor Moon', depois vieram 'El Hazard', 'Sakura Card Captor' e, atualmente, 'FullMetal Alchemist', 'Death Note', 'Naruto', 'One Piece' e 'Claymore'", rememora Liz ao admitir sua preferência pelas animações.

"Valores", palavra usada pela fotógrafa para explicar seu interesse tão grande pelos animês e mangás. "Não é uma violência gratuita, em cada animê você recebe cargas de valores. Valores de amizade, família, honra... Não são só pessoas com super-poderes, são pessoas que sofrem, que choram, que possuem dilemas a serem quebrados", justifica e completa: "muitas vezes já me emocionei assistindo animês".

Assim como Liz, Fernando, primeiro conheceu o universo dos quadrinhos japoneses e suas respectivas animações para depois mergulhar no mundo do cosplay. Este engenheiro da computação tem uma visão complementar sobre o motivo que leva uma pessoa a gostar do assunto: "Quando você assiste animê e lê mangá pela primeira vez, é como se um mundo novo se abrisse. Há dezenas de gêneros e centenas de títulos que exploram histórias e personagens. Tudo com riqueza de detalhes, personagens cativantes e, principalmente, variedade de temas abordados", relata Fernando.

No Brasil muitos eventos foram criados, como o Anime Friends, que em 2007 reuniu mais de 5000 cosplayers em seis dias de evento. A divulgação da prática profissionalizou as técnicas e apresentações, atraindo cada vez mais praticantes. Assim o Brasil se destacou no cenário internacional, garantindo participação no World Cosplay Summit, WCS, que em seu primeiro ano, 2006, venceu a competição com a dupla de irmãos Psy e Monica. No ano seguinte os representantes brasileiros foram o casal Vingaard e Yuki, que não tiveram a mesma sorte.

Segundo Fernando, "a expectativa é que a atividade ainda cresça bastante ao logo deste ano, especialmente por causa do Centenário da Imigração Japonesa e da promessa de novos campeonatos internacionais no Brasil".

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